Crescimento mais significativo foi observado nos cartões de débito, cujas transações tiveram um salto de 1.069,9%, com o volume passando de 206,5 milhões para 2,41 bilhões no período |
Da Redação
O maior acesso ao crédito e a inclusão bancária são alguns dos fatores que explicam o crescimento do uso dos cartões de débito e de crédito, em substituição ao cheque. Dados da Federação Nacional dos Bancos (Febraban) mostram que, na última década, o número de cheques compensados caiu de 2,6 bilhões, em 2000, para 1,2 bilhão em 2009, uma retração de 53,84% no período.
Caminho inverso seguiram os cartões. Segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o número de transações com cartão de crédito aumentou de 571,1 milhões para 2,54 bilhões, uma elevação de 344,83%.
Crescimento mais significativo foi observado nos cartões de débito, cujas transações tiveram um salto de 1.069,9%, com o volume passando de 206,5 milhões para 2,41 bilhões no período.
As estimativas da Abecs apontam para um crescimento constante, chegando a 2,96 bilhões de transações com cartão de crédito em 2010 e de 2,84 bilhões com cartão de débito. Ilnort Rueda Saldívar, diretor AT Kearney, afirma que a tendência é de aumentar o uso do dinheiro eletrônico.
Segundo ele, a consultoria fez um levantamento que mostra que a quantidade de pagamentos realizados com cheques vai cair pela metade e os realizados com cartão de débito devem dobrar nos próximos cinco anos.
De um total de mais de 47 bilhões de transações, o cartão de débito deve aumentar sua participação de 3% para 6% e o cartão de crédito subir de 5% para 8%. Mais difícil de mensurar é o pagamento em dinheiro, ainda muito usado. Ele estima que o uso do dinheiro e dos cheques, que representa 80% das transações, caia para 72%. "O que poderia acelerar o pagamento eletrônico é a regulamentação e o maior uso da tecnologia, como via celular e o cartão sem contato", prevê Saldívar.
Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), ressalta que o uso do cartão de crédito é muito difundido nos grandes centros urbanos. Ele lembra que a última pesquisa do Banco Central, feita em 2008, mostra que a expressiva participação do dinheiro como meio de pagamento do varejo, que supera os 65%.
Segundo o economista, há espaço para grande avanço não só para cartões de crédito e débito, mas também para o cheque. "A tendência é de que o uso dos cartões cresça mais que as outras modalidades, devido a sua praticidade e segurança."
Walder Tadeu Pinto de Faria, diretor-adjunto da Febraban, também credita a praticidade e a segurança ao crescente uso dos cartões. "Acredito que haverá elevação também no uso do dinheiro, mas os pagamentos com cheque seguirão em queda, como se observa nos últimos anos."
Para Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa Experian, o cheque ainda é um meio de pagamento muito utilizado, principalmente por empresas. "O cartão de crédito vem ocupando espaço, mas isso não significa que a utilização do cheque terminará amanhã, porque está muito enraizada na cultura do brasileiro."
Estímulos para ampliar o uso dos cartões não faltam. O Bradesco e o Banco do Brasil se associaram para criar uma bandeira nacional, a Elo, que deve começar a ser emitida ainda neste ano. "A bandeira Elo representará uma nova opção para os consumidores que quiserem contar com um cartão brasileiro de ampla aceitação", afirma.
Segundo João Pedro Paro, vice-presidente comercial da Mastercard Brasil, a empresa estimula o MasterCard PayPass, que não requer a passagem do cartão no leitor da tarja magnética para compras de até R$ 50. "São conveniências para usar o plástico de maneira mais fácil, tudo concentrado em um único cartão", informa. |