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Data:   05/07/2010
Título:   Empresas apostam em embalagem "verde"
     
     
Resumo:
Itens de beleza e brinquedos serão embalados em plástico feito de cana, após inauguração de fábrica da Braskem Produção em unidade do RS será de 200 mil toneladas/ano; Natura, Johnson & Johnson e Estrela usarão material
     
     
Texto Completo:

Rodrigo Capote

Bernardo Gradin, presidente da Braskem, que aposta na produção de plástico de cana

CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO

A dois meses da inauguração da primeira fábrica do Brasil que vai produzir em larga escala plástico à base de etanol, da Braskem, empresas brasileiras se preparam para lançar comercialmente produtos com a nova matéria-prima.
A fábrica da petroquímica em Triunfo, no Rio Grande do Sul, terá capacidade para produzir 200 mil toneladas do bioplástico por ano.
No setor de cosméticos, a Natura já planeja um selo para identificar que a embalagem do refil do sabonete cremoso de erva-doce, vendido a partir de outubro, será 100% de resina de cana.
Apesar de existirem outros tipos de bioplásticos no mercado -como o feito à base de milho-, essa é a primeira experiência da Natura com resina verde.
"Isso porque os materiais disponíveis não tinham a mesma resistência física que o plástico derivado de petróleo. E o de cana tem", diz Victor Fernandes, diretor de desenvolvimento de produtos e de embalagens da empresa.
Essa similaridade entre as matérias-primas também foi o que levou a Johnson & Johnson a testar o plástico de etanol nas embalagens do filtro solar Sundown.
O resultado foi considerado tão satisfatório que a empresa programou o uso do material, no verão 2011/12, em toda a linha regular de Sundown, a maior da marca.
"E, no futuro, o bioplástico pode ser utilizado também em outros produtos da Johnson & Johnson", diz Katia Reis, gerente de sustentabilidade da empresa.

RECICLAGEM
O plástico de etanol pode ser reciclado da mesma forma que o de petróleo.
Isso não acontece, entretanto, com o plástico de milho, que é biodegradável.
"Assim, o plástico de milho se torna um problema no momento do descarte, já que o Brasil não tem uma indústria de compactação de resíduos desenvolvida para aproveitar o material biodegradável", diz Teddy Lalande, coordenador de sustentabilidade da Dixie Toga, fabricante de embalagens.
Lalande afirma que, depois de utilizado, o plástico de milho acaba indo para um aterro comum.
"Lá, sem o tratamento adequado, o produto sofre uma rápida decomposição e libera na atmosfera gás metano [CH4], 20 vezes mais prejudicial que o carbônico [CO2] em relação ao efeito estufa."

CUSTOS
A fabricante de brinquedos Estrela também já utiliza o plástico de etanol nas peças do jogo Banco Imobiliário. E pretende aumentar a tiragem do produto.
Carlos Tilkian, presidente da empresa, não revela quais são os custos de produção, mas admite que o bioplástico é mais caro que o convencional, de petróleo.
"Por enquanto, estamos subsidiando a diferença", afirma o executivo.
"Só a partir de 2011, depois que a Braskem tiver definido a política de preços em relação ao bioplástico, vai ser possível fazer uma avaliação mais precisa de valores", completa Tilkian.
? Folha de São Paulo – 5/7/2010 – Mercado - página B 1.