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Data:   29/06/2010
Título:   Com mais emprego, varejo teme falta de pessoal qualificado
     
     
Resumo:
O Brasil deve criar mais de 2 milhões de postos de trabalho neste ano, na esteira de um crescimento previsto de 5,5% da economia. Quase a metade deles (850 mil) virá do varejo. A previsão é de estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento projeta, inclusive, a falta de mão de obra qualificada para a área. Só em comércio e reparação faltarão 187,58 mil trabalhadores com experiência para preencher a demanda das empresas neste ano.
     
     
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"A última vez em que houve escassez de mão de obra qualificada foi no período do Milagre Econômico (década de 70). De lá para cá, nos acostumamos à abundância de candidatos", disse Márcio Pochmann, presidente do Ipea, durante a apresentação do estudo à imprensa.

"Este ano não tem ocorrido desemprego", afirma o presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, Ricardo Patah. "Temos percebido a manutenção do emprego com momentos de acréscimo". Segundo ele, o aquecimento é maior nos shoppings devido ao grande número de novos empreendimentos no setor. De todo modo, o panorama de contratações é favorável para todo o setor. Até os temporários recrutados para o fim do ano tiveram um índice de efetivação maior do que a tradicional média de 15% a 20%. O sindicato calcula que 35% a 40% dos temporários foram efetivados.

Para tentar reverter a falta de pessoal qualificado, os centros comerciais estão investindo mais em capacitação. A Associação de Lojistas de Shopping (Alshop) está prestes a anunciar a ampliação de seus programas de treinamento. A parceria conta com o apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e terá ajuda financeira do Fundo Amparo ao Trabalhador (FAT). "Há uma demanda muito grande por gente nesta área. E o setor sente cada vez mais dificuldades em encontrar pessoas qualificadas. É preciso investir em treinamento. Muitas lojas colocam os funcionários mais antigos para treinar os mais novos. Queremos profissionalizar esse segmento. Todos sairão ganhando, lojistas e consumidores", diz Luís Augusto Ildefonso da Silva, diretor de Relações Institucionais da Alshop.

Segundo ele, com os treinamentos podem reverter o turnover do setor, um dos mais elevados da economia. A rotatividade na área chega perto de 100% ao ano. Nos shoppings é um pouco menor, devido ao perfil diferenciado dos profissionais.

O Brasil tem hoje 711 shoppings que empregam 1 milhão de pessoas. Segundo a Alshop, mais 24 serão entregues no segundo semestre. Cada empreendimento gera em média 1.500 novas vagas e a maior parte dos que estão em funcionamento está anunciando ampliação de lojas.

O aumento da renda e a estabilidade da economia são um dos maiores impulsos para esse crescimento do setor. Pesquisa da associação mostra que, entre janeiro e junho, o número de lojas cresceu de 94.318 para 96.139 estabelecimentos nos centros de compras. A entidade aponta ainda um crescimento de 14,5% nas vendas no primeiro semestre de 2010.

"A estabilidade interna permitiu que muitas pessoas subissem de classe social e passassem a comprar. No cenário externo, muitos investidores veem a economia brasileira e decidem aplicar seu dinheiro aqui, em forma de shoppings e empreendimentos do centro de compras", afirma Silva.

De acordo com o Ipea, dos 2 milhões de novos postos a serem criados em todo o país, São Paulo deve responder por 700 mil. Na ponta oposta, o Acre deve gerar apenas 1.146 novas oportunidades, seguido por Roraima, com 1.553 postos neste ano.