Aproximadamente R$ 50 bilhões, 19% do atual saldo de R$ 262 bilhões do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), serão aplicados no financiamento imobiliário em 2010. O valor é quase 50% superior ao total de recursos financiados em 2009, um total de R$ 34 bilhões. Novas 450 mil unidades serão financiadas neste ano em comparação a 302 mil em 2009.
"Pode até ser que os financiamentos ultrapassem os R$ 50 bilhões. As pessoas estão comprando mais imóveis novos e também usados, incentivadas pelo alongamento do prazo do financiamento até 30 anos", explica o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Luiz França.
O aumento gradual da Selic, que hoje está em 10,25%, ao longo deste ano não deve interferir nas projeções da Abecip, que não incluem imóveis na planta. "Mesmo que a Selic estivesse em 11,5%, não haveria elevação da taxa praticada no financiamento imobiliário. A competição entre taxas para o financiamento imobiliário nos bancos dificulta a elevação", diz o gerente do ramo imobiliário da Serasa Experian, José Augusto Périgo.
Não é só a competição que estimula a manutenção da taxa para o crédito imobiliário. Ao longo de 2010, os recursos da caderneta de poupança ainda serão suficientes para atender a demanda de todo o setor. E como o custo da poupança ainda é o menor do mercado - 6% ao ano mais a Taxa Referencial (TR) -, ela continua a ser a única fonte usada pelas instituições financeiras, explica França. "Somente a partir de 2012, talvez, seja necessária fonte alternativa para o complemento dos recursos da caderneta de poupança aplicados no financiamento imobiliário."
A previsão da Caixa é conceder aproximadamente 950 mil financiamentos em 2010. Os empréstimos da instituição representaram 71% do crédito imobiliário em 2009, incluindo recursos da poupança (R$ 19,49 bilhões), do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (R$ 16,85 bilhões), mais R$ 6 bilhões provenientes do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), R$ 3,63 bilhões do Construcard, entre outras fontes de recursos.
O valor médio dos imóveis financiados pela Caixa com recursos do FGTS gira em torno de R$ 70 mil. Quando se trata dos recursos da poupança, o valor médio fica em torno de R$ 170 mil. Segundo a Abecip, em 2006, o preço médio do imóvel financiado era em média de R$ 70,6 mil. Em 2007, evoluiu para R$ 84,1 mil e, em 2008, para R$ 100,5 mil. Em 2009, ficou em R$ 123,0 mil.
Graças a parcerias entre construtoras e bancos, os lançamentos com recursos da poupança ocorrem em todo o Brasil. Entre 2008 e 2009, o financiamento imobiliário aumentou 69,4% no Centro-Oeste, 22,9% no Sul, 20% no Nordeste, 17,9% no Norte e 5,2%, no Sudeste, de acordo com o levantamento do Banco Central e da Abecip.